
Febre dos bebês reborn: pastor e psicólogo clínico aponta para “indústria da infantilidade”
Por Lucas Meloni
03/06/2025, às 13h10 | Conteúdo atualizado em 03/06/2025, às 13h09
Nas últimas semanas, a mídia, as redes sociais e até o Congresso Nacional foram tomados pelo fenômeno dos bebês reborn (bonecos realistas que imitam recém-nascidos). Até a metade de maio, pelo menos quatro projetos de lei tramitavam pela Câmara dos Deputados estabelecendo restrições a atendimentos preferenciais nos serviços públicos a quem estivesse com um boneco do tipo nos braços. Para o pastor e psicólogo clínico Kléber Lima, apresentador do programa “Família Hoje”, da RTM Brasil, a questão deve ser tratada não pelo aspecto da polêmica, mas pelo processo de desconexão das relações interpessoais estimulado pela cultura atual.
Lima destaca que todas as gerações enfrentaram, de alguma forma, epidemias em grande escala. A desta geração, ressalta o psicólogo, é a infantilização. “E dentre tantas, a epidemia da imaturidade psicológica. Sim, o manejo maduro dos afetos tem sido cada vez mais raro. Assim, jovens adultos que estão na faixa etária da fertilidade e, portanto, fisicamente capazes de se relacionar e constituir família, não o fazem porque suas infantilidades emocionais não permitem. E um dos efeitos das bolhas de infantilidade em que se encontram é a decisão de continuar 'brincando de bonecas'. Afinal, o mundo infantil é muito menos arriscado”, comentou.
Para o especialista, o adoecimento é estimulado por uma indústria ensandecida que alimenta a infantilidade e produz itens atraentes a todo custo a quem sofre com graves transtornos de diversas naturezas.
Prejuízos
Os bebês reborn podem custar entre R$ 300 e R$ 1,5 mil. Existem até “maternidades”, em que as pessoas podem comprar (ou acompanhar o “nascimento”) do boneco. No último ano, este mercado cresceu 30% no Brasil, segundo estimativas de lojistas especializados. Em Campinas (SP), segundo a imprensa, uma criadora de bonecas reborn chega a faturar R$ 300 mil por mês.
Todos estes números evidenciam a força comercial do produto, mas escondem um problema sério, de acordo com Lima. “Todo transtorno psicológico (como, por exemplo, essa ligação / dependência com bebês reborn) danifica as relações interpessoais. Como consequência há conflitos, rompimentos e fragilizações ainda maiores das relações familiares e sociais”, apontou.
Como buscar ajuda?
A família, os amigos e a igreja devem ser cautelosos, amorosos, mas enfáticos na ajuda daquelas pessoas que estão com dependência emotiva de bonecos reborn. As pessoas devem ser trazidas à realidade por meio de diálogos que listem fatores reais e os prejuízos que podem existir na vida de quem acaba por “fugir” da realidade com um boneco. No caso de aconselhamentos pastorais, espera-se que toda a conversa seja conduzida em princípios bíblicos e acompanhada por familiares. “O direcionamento deve incluir confrontação espiritual, psicológica e, em casos agravados, encaminhamento para avaliação psíquica com possível indicação medicamentosa”, finalizou Lima.
Assuntos que são tendência
O programa “Família Hoje”, parceria ministerial entre a RTM Brasil e o Instituto Família Hoje, traz, em cada edição, temas que são tendência e dizem respeito às famílias brasileiras. Kléber Lima responde a perguntas enviadas pelo público trazendo a visão pastoral e o conhecimento e experiência técnica de psicólogo clínico. Episódios inéditos saem às segundas, quartas e sextas, às 11h30 (horário de Brasília). Ouça “Família Hoje” pelo site RTM ou em podcast nas principais plataformas digitais. Basta procurar pelo nome do programa no campo de busca.