O Paradoxo do Natal
Por Convidado(a)
24/12/2024, às 06h00 | Conteúdo atualizado em 20/12/2024, às 10h35
Lucas 2.1-20
O dicionário afirma que paradoxo é um pensamento, uma proposição ou um argumento que contraria os princípios básicos e gerais que costumam orientar o pensamento humano. São pensamentos que desafiam uma opinião concebida, uma crença ordinária que é compartilhada pela maioria. Aparentemente traz uma falta de nexo ou de lógica, uma espécie de contradição.
O Natal parece um evento cheio destes paradoxos. É o nascimento do Rei, que deveria chegar com todas as pompas que a sua posição lhe reserva. Glória, honra, notoriedade, soberba, porém, com Jesus todas as expectativas são frustradas. É um paradoxo, pois, chega completamente sem notoriedade, completamente sem pompas. Ele chega simples, em um lugar improvisado, rodeado por bichos. A cena descrita pelos evangelistas é uma imagem repleta de paradoxos, de paralelos estéticos e ontológicos que incluem a pessoa de Deus e do homem; a majestade da divindade e a simplicidade da raça humana; riqueza e glória dos céus e a pobreza da terra; os ricos magos e os simples pastores; o silêncio da noite e o coro dos anjos; o santuário e a estrebaria.
A vida é repleta de paradoxos, de contradições, e muitas vezes temos dificuldades para entender qual a finalidade, qual o ensino, qual a mensagem por trás dos eventos que aparentemente são paradoxais. Primeiramente podemos reconhecer que a construção da história está plenamente nas mãos de Deus. Foi Ele quem escolheu que o Rei nascesse simples, que o santuário fosse uma estrebaria, que a sabedoria fosse convertida em loucura. Desta forma, apenas os que estão em plena sintonia com Deus entendem a mensagem cuidadosamente construída, primorosamente adaptada e minuciosamente ajustada. Somente os que estão à caminho, perceberiam o caminho, somente os que desejavam de coração a chegada do Rei poderiam reconhecer que Ele havia chegado. Não se pode reconhecer a Deus pelas exterioridades, mas pela essência, não pelas aparências, mas pela vida que emana de Seu interior, não pelas expectativas humanas, mas pela graça que é derramada sobre nós .
A vida pode parecer um grande paradoxo se fixarmos os olhos em nossas expectativas ou nas aparências dos eventos, mas, se olharmos da forma correta, veremos a verdade da graça que nos é apresentada em todos os momentos de nossas vidas.
O Natal pode ser apenas o nascimento de uma criança simples e humilde, em uma estrebaria, em uma noite fria, mas, se observarmos o interior da mensagem perceberemos que, na verdade, não se trata de um mero nascimento, e sim, da encarnação do Deus que se fez homem, para salvar aqueles a quem tanto ama. Nesta data celebre que o Emanuel, o Deus conosco, chegou o Rei e Ele estará presente em nossas vidas e nos levará com Ele por toda a eternidade. Este é um tempo novo, um tempo para recomeçar, uma bênção para todos, em todos os tempos para sempre.
FELIZ NATAL!
João Paulo Gouvêa é apresentador da RTM Brasil e pastor da Igreja Batista Chácara Flora, em São Paulo (SP).