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Missio Dei III na Colômbia: a visão de quem participou do encontro

Por Convidado(a)

15/09/2025, às 13h15 | Conteúdo atualizado em 15/09/2025, às 13h16

É fato conhecido que a igreja evangélica sofreu várias rupturas no Brasil e no mundo por conta da polarização exacerbada. Os nossos tempos persistem em criar muros, como legado das duas grandes guerras. Nesse sentido, a nossa mesa se torna fragmentada e esfacelada.


Estive lutando contra o cinismo de ver a igreja apenas como um compilado de crises, conflitos e espetáculos. Estamos passando por momentos sombrios há algum tempo. Momentos em que a igreja também contribuiu para criar muitos muros, muitos desequilíbrios, desestabilidades e cercas. Ao invés de acolhimento e cura, muitas vezes criamos mais feridas e guerrilhas.


Mas Deus é fiel e bom, e não nos esquece. Ele é amor e bondade, e sempre se levanta com Sua luz sobre nós. A Missio Dei III foi esse momento de respiro e luz para minha vida. Vi irmãos interessados em criar pontes e soluções, não em gerar mais confusões. Irmãos que trabalham pela justiça, pela paz e pela alegria do mundo. Irmãos que não desistiram da igreja e do povo de Deus, apesar das dificuldades.


Tenho 27 anos. Vivo em uma época de grandes crises etnográficas, climáticas, de gênero e de raça. Muitas vezes flerto com a desesperança ao olhar para a igreja do Senhor. Vamos confessar: o nosso testemunho não é muito bom. Como continuar em esperança? Muitas vezes não sei. Contudo, ver pessoas bem mais velhas que eu – com mais de 50 anos – persistindo no Caminho, teimando em acreditar na vida e na igreja, me inspira de maneiras que não consigo explicar.


São oásis de alegria. São como vento fresco em um dia muito quente. São como o sol que aquece e abraça em um dia frio. São como luz em meio a trevas que não me permitem ver uma saída.


A beleza de se criar pontes é algo inexplicável, pois é agir como o próprio Deus. Pessoas que ainda insistem em dialogar, em procurar saídas saudáveis em meio aos nossos problemas, são refrigérios para a alma cansada e desanimada. Tenho convicção de que é disso que a minha geração precisa: das gerações passadas que não desistiram e que teimam em nos apontar o caminho pelo qual seguir na jornada.


Há uma forte desconfiança em nossas lideranças, mas ver pessoas que estão há anos insistindo em cumprir a missão de Deus me ajuda a não me abater. E mais: ser lembrada diariamente de que Deus é quem primeiro vai em Sua missão, e que me dá o privilégio de participar dela, traz respiro ao meu coração tantas vezes deprimido.


A Missio Dei III me devolveu o encantamento pela igreja. Daqueles encantos sagrados que somente o Senhor pode trazer. Um deslumbramento por Ele, pelo que fez e faz através de pessoas que vieram antes de mim, enfrentaram seus leões e me encorajam a nunca perder o encanto.


Louvo a Deus pelo Seu remanescente. Oro, sinceramente, para permanecer firme, encantando-me e reencantando-me novamente por Jesus e Sua Igreja. Amém.

 

Jacira Monteiro é mestra em Educação, Arte e História da Cultura (Universidade Presbiteriana Mackenzie). Autora de O Estigma da Cor (Editora Quitanda e Thomas Nelson Brasil) e de HiperConectados (Mundo Cristão). Pós-graduada em Teologia Bíblica e Exegética do Novo Testamento (Faculdade Internacional Cidade Viva). Redatora e palestrante. Participou do Missio Dei, ao lado de um grupo de brasileiros, que ocorreu em Bogotá (Colômbia) entre 13 e 15 de agosto de 2025.

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