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Igreja Perseguida: as dificuldades de seguir a Cristo ditas por um cristão do Oriente Médio

Por Lucas Meloni

07/11/2025, às 13h45 | Conteúdo atualizado em 07/11/2025, às 13h42

A realidade dos cristãos em países de maioria islâmica é bem difícil. A RTM entrevistou um cristão Thomas - nome fictício -, de 22 anos, ex-muçulmano, para saber detalhes da vida daqueles que moram em países hostis ao evangelho. Acompanhe os destaques deste conteúdo, elaborado em parceria com a missão Portas Abertas.

 

O que é mais desafiador em seguir a fé em Cristo sendo um ex-muçulmano no Oriente Médio?
A perseguição é muito dura na região e em países de maioria muçulmana, o cidadão nasce muçulmano. Ele carrega isso no registro de nascimento e em todos os seus registros, durante a vida. O cristão que se converte passa por várias restrições e pode perder tudo. É quase impossível trocar a religião de seu documento e isso faz com que ele perca trabalho, família, benefícios do governo pois, basicamente, ele perde sua nacionalidade. Somente os filhos de cristãos podem ser registrados como cristãos. Então, se um muçulmano se converte e tem filho, tem seu registro como muçulmano e isso vai se perpetuando. Apenas os cristãos ‘registrados’ podem frequentar as igrejas cristãs e isso nos impossibilita de manter a comunhão, nos batizar, participar da ceia do Senhor. Quando eu era criança, mesmo frequentando uma escola cristã, professoras muçulmanas trabalhavam lá (pela legislação, mesmo a escola sendo cristã, ela não pode rejeitar funcionários muçulmanos). Elas nos batiam, incitavam outras crianças a nos hostilizar e se afastar de nós. Para a cultura oriental islâmica, um ex-muçulmano convertido ao cristianismo deve morrer. E eles não fazem questão de ter um de nós no meio deles. Eles acreditam que isso seja uma maldição. 
 
Liste as principais perseguições / restrições que um ex-muçulmano enfrenta
Em muitos países de maioria muçulmana, o registro formal como muçulmano, o que, se trocado pode impossibilitar o trabalho, benefícios do governo e outros.
A mulher que se converte do islamismo para o cristianismo, se casada, pode perder o casamento (sua fonte de renda, visto que não tem mais dote e nem trabalho) pode perder a guarda de seus filhos e não mais vê-los. Muitos líderes cristãos são presos e condenados a morte por isso. A exclusão social por parte de sua família, comunidade, amigos e, por não conhecer outros cristãos, o recém-convertido está fadado ao ostracismo e solidão. 

 

Como foi a sua conversão? Qual foi o primeiro grande desafio que enfrentou quando começou a seguir a Cristo?
Quando meus pais se casaram, eles já eram cristãos. Isso facilitou a minha conversão e eu sou muito grato a Deus por isso. Ser cristão, para mim, mesmo vivendo em um país de maioria muçulmana, não foi difícil de entender. Mas, quando comecei a me relacionar com outras crianças, isso mudou. A hostilidade que passei na escola, não poder brincar na rua, pois poderia ser reconhecido como cristão. Não poder frequentar uma igreja cristã porque tinha nascido de uma família muçulmana (convertida ao cristianismo, mas que leva o islamismo em seus registros de nascimento e outros documentos), e o batismo após anos procurando um líder religioso que nos batizasse (a mim e a meus pais). Os líderes religiosos do nosso país não gostam de batizar ex-muçulmanos, para não terem problemas com as autoridades. 

 

Como você teve acesso à Bíblia?
Meus pais sempre tiveram a Bíblia em casa, então não foi difícil para nós termos acesso à Bíblia e outro material cristão. Além disso, meu pai sempre foi líder de igrejas domésticas e liderou pequenos grupos cristãos. Então, organizações internacionais, como a Portas Abertas nos ajudam com treinamentos, fornecendo material cristão e suprindo outras necessidades. 

 

Em quais aspectos, a perseguição / restrição fortaleceu a sua fé?
Tivemos que fugir da família dos meus pais, que queriam tirar a mim e a minha irmã dos meus pais, pois entendiam que eles não tinham condições espirituais de nos criar. Vivemos verdadeiros milagres de Deus durante essas fugas, vendo nitidamente a mão do Senhor nos guiando, guiando as decisões dos meus pais e nos protegendo em todos os momentos. Isso fortaleceu a minha fé em Deus, ao ver o cuidado de Deus em minha vida. Os milagres que viveu durante sua vida. 

 

Fale sobre a conversão da sua família. Seus pais sonhavam com Jesus? 
Meu pai sempre quis conhecer a verdade. E o islamismo e o Alcorão não foram suficientes a ele. Então, ele encontrou a Bíblia. Durante seu tempo como muçulmano, ele obedecia: fazia jejuns, orações, rituais, mas sempre foi um homem questionador. Ao ler a Bíblia, ele foi chamado a seguir a Jesus, a viver somente. Obedecer, sim, mas não sem saber a quem e como fazer isso. Ele leu em Mateus 3.13 sobre ser a voz que clama do deserto. A salvação chegou a ele, não dizendo que ele iria para o paraíso ou para o inferno se fizesse ou não fizesse determinada coisa. A salvação chegou a ele dizendo que ele poderia simplesmente viver, falar, clamar, e ele sentiu paz.  Minha mãe, também era questionadora, mas não era alfabetizada. Então, ela começou a pedir, em oração, por uma solução àquelas questões sobre a vida, sobre ser uma mulher oprimida em uma região em que ela era considerada menos do que um cachorro de rua. Então, Jesus apareceu a ela no momento da oração islâmica e disse: eu sou a porta, indicando que ela deveria busca-lo e confirmar sua fé! Nesse período ela teve experiência sobrenatural com Jesus. Certa noite, Jesus apareceu na varanda de seu quarto e lhe deu uma mensagem para escrever. Embora fosse analfabeta, ela obedeceu à ordem e conseguiu registrar as palavras que ouviu. A mensagem dizia:
“Eu estarei com você por onde você for. Não temas! — Assinado: Emanuel” Foi assim que ela se converteu, conhecendo o meu pai e se casaram. 

 

O que a igreja perseguida do Oriente Médio espera da igreja livre do Ocidente?
Oração, para que permaneçamos na fé. Doação: pois muitas vezes, não conseguimos trabalhar. Precisamos ser cuidados. Ensino bíblico, treinamento de líderes. Por favor, continuem orando por nós. 

 

(A imagem desta notícia é apenas ilustrativa por questão de segurança. Não se trata do cristão que concedeu a entrevista)

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