
A mulher e a igreja de Cristo
Por Convidado(a)
08/03/2021, às 16h36 | Conteúdo atualizado em 11/03/2021, às 12h17
Algumas coisas a gente nunca esquece. Eu tinha apenas oito anos de idade quando recebi um elogio que me marcou profundamente, a ponto de fazer com que a memória permaneça fresca em minha mente. Era uma linda tarde de outono e eu tinha muita lição de casa para fazer. Fui à casa da minha amiga com um único objetivo: estudar e completar a tarefa. Mal sabia que eu sairia dali com um presente muito especial.
Após encerrarmos os estudos, me despedi da mãe da Lana que me surpreendeu ao dizer: “Você é tão meiga!” Não sei explicar o que senti. Meu coração ficou leve ao ouvir aquelas inesperadas palavras. Fui para casa feliz. Para ser bem honesta, não sabia o que meiga significava, mas o tom carinhoso em que foi dito me alegrou. A primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi recorrer ao dicionário e verificar que estava certa: era um elogio! Ela não sabia, mas essa era uma das características que eu mais admirava em uma mulher. Doçura, delicadeza, flores, vestidos, cabelos longos, bonecas, laços, ballet e todo tipo de ‘frescurinha’ feminina sempre me encantaram. Claro que nada disso me impedia de correr pelas ruas, pular muros e andar pelos telhados! Nada disso mudava quem eu era.
O que eu não sabia é que todas essas particularidades poderiam ser símbolo de fragilidade. Quando cheguei à adolescência notei que a meiguice, que tanto admirava, imediatamente traduzia uma imagem de vulnerabilidade. Fiquei confusa e incomodada. Sem perceber, provar que era forte se tornou uma das minhas missões de vida.
Aceitei a Cristo e fui transformada em muitas áreas, entretanto, meu coração ainda escondia essa minha luta insistente e secreta… Até o dia em que me deparei com uma situação de debilidade física. Meu corpo não correspondia aos estímulos mentais. Foram meses e meses lidando com essa limitação. Olhando para trás, parece que me culpava por estar naquele estado. Acredito que ainda lutava contra a ideia de fragilidade. E foi então que Deus conseguiu minha atenção.
Numa conversa íntima, profunda e banhada por muitas lágrimas, rasguei minha alma perante o Senhor e expus minha insatisfação com minha vulnerabilidade. Disse que me sentia frágil como o cristal. Nesse momento, o Senhor me trouxe à mente que fui formada por ele de forma admirável e especial. Ele me planejou desse jeitinho. No fundo do meu ser entendi que não havia nada de errado com minha fragilidade. Fiz paz com esse aspecto do meu ser. A conversa seguiu e se aprofundou ainda mais. O Senhor me levou à uma passagem que tomou uma nova dimensão para mim: “Mas temos esse tesouro em vasos de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós.” 2 Coríntios 4:7
Entendi que não importa se nos sentimos taças de cristal, vasos de barro, jarras de estanho, o que conta é que somos corpo de Cristo, sua igreja, pedras vivas. Passei a enxergar minha vulnerabilidade como um presente de Deus, para que sua história fosse escrita em minha vida. “Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim.” 2 Coríntios 12.9
A igreja de Cristo tem muitas histórias: qual é a sua?
Por: Susie Pek – Coordenadora do Mulheres de Esperança RTM Brasil, América Latina & Caribe